quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Evidência empírica do conservadorismo a partir do relato de entidades cotadas na União Europeia

A influência do valor cultural do conservadorismo, proposto por Gray (1988) no âmbito da teoria da relevância cultural, tem sido amplamente debatida na literatura, que não descura os seus eventuais impactos na comparabilidade do relato financeiro, mesmo no contexto do avançado processo de harmonização contabilística internacional. Sobre esta última matéria, importa considerar o seu avançado estado na União Europeia (UE), particularmente desde a adoção do Regulamento (Comissão Europeia (CE)) n.º 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de julho, relativo à adoção obrigatória das International Financial Reporting Standards (IFRS) para entidades cotadas e legalmente sujeitas à consolidação de contas. Refira-se também a relevância para o tema oriunda da revisão da Estrutura Conceptual (EC) conjuntamente desenvolvida entre o Financial Accounting Standards Board (FASB) e o International Accounting Standards Board (IASB). O presente estudo pretende avaliar a existência de variáveis explicativas deste valor cultural, tais como os agrupamentos regionais, os fatores económico-financeiros e as características qualitativas. A recolha dos dados foi realizada a partir dos relatórios e contas consolidados anuais, referentes a 2013 e 2014, divulgados pelas entidades cotadas (grupos não financeiros) nos índices bolsistas relativos a mercados financeiros da UE: portuguese stock index (PSI)-20, iberian index (IBEX)-35, financial times stock exchange (FTSE)-100, german stock index (DAX)-30 e stockholm stock exchange (OMX)-S30, tendo sido utilizada a análise de conteúdo como metodologia. Após a aplicação dos critérios de seleção, a população final deste estudo engloba 137 entidades. Os resultados obtidos posteriormente à aplicação do modelo de regressão logística indicam que o conservadorismo difere significativamente dos agrupamentos regionais, conforme sugerido pela literatura. Adicionalmente, constata-se que fatores económico-financeiros como a dimensão e a rendibilidade, bem como as características qualitativas fundamentais, explicam o conservadorismo. Entre as contribuições desta investigação constam a consideração do impacto da cultura no relato financeiro, no âmbito do julgamento profissional, aliada à importância relativa conferida pelas entidades às características qualitativas, tendo em conta os recentes esforços de harmonização realizados pelos principais organismos normalizadores a nível internacional.

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por NUNO MIGUEL BARROSO RODRIGUES
FÁBIO HENRIQUE FERREIRA DE ALBUQUERQUE

Fonte: CFC

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